O
FETO E O INSETO
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pois debalde vem o aborto e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome;
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não viu o sol, nada conhece. Todavia, tem mais descanso do que o outro,
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ainda que aquele vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem.
Porventura, não vão todos para o mesmo lugar?
Livro
do Eclesiastes, cap. 6:4 a 6.
Salomão,
rei, escritor, juiz, poeta e compositor judeu
Quem
é o não nascido
Eu,
o feto,
Ou
o inseto, o atrevido
Que
teima em não me deixar
No
mundo reencarnar,
Pois
quer cortar a minha vida
Sem
nada me perguntar?
Mosca azul
“E entre as asas
do inseto a voltear no espaço,
Uma coisa me
pareceu
Que surdia, com
todo o resplendor de um paço,
Eu vi um rosto
que era o meu.”
Machado de
Assis, escritor brasileiro (1839-1908).
O
não nascido
É
justamente o indivíduo
Que
corta o fio da minha existência
Sem
me dar ciência.
Pra ele eu sou um inseto
Que
não pode ter um humano teto;
Pra mim ele é um assassino frio,
Um
ser irracional, um vadio,
Um
reles mercador,
Que
tem no mau ato
O
seu único senhor.
Pra ele eu nem existo
E
tenho que ser extinto,
Pois
o dinheiro é a voz
Que
fala na falsa sociedade.
“E
zumbia, e voava, e voava e zumbia,
Refulgindo
ao clarão do sol
E
da lua _ melhor do que refulgiria
Um
brilhante do Grão-Mogol.”
Machado de
Assis, poeta brasileiro (1839-1908).
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